Olá pessoal,
trago uma matéria sobre o Android 4.1 Jelly bean, que foi traduzida gentilmente Por Rui Fontes de Portugal. Vem nos mostrar os avanços nessa versão e os desafios ainda que o Android tem que superar, na questão da acessibilidade.
Mais, posso dizer certamente que o Android 4.1 Jelly bean, está caminhando de encontro a uma boa acessibilidade no futuro. Também, vejo positiva a questão de envolver os desenvolvedores em aplicações com acessibilidade, acho que aí seguindo um pouco a linha da Apple. Só que um pouco mais de flexibilidade para os desenvolvedores.
Gostaria de agradecer ao Rui Fontes, pela colaboração com o nosso blog.
Segue então a matéria para vocês.
Uma avaliação do Android 4.1 Jelly Bean Usando o Nexus 7
J.J. Meddaugh
Nos últimos dois anos, a AccessWorld realçou os benefícios e armadilhas da acessibilidade do Android em várias avaliações. Enquanto algumas funcionalidades
do Android são acessíveis há muito tempo, muitos outros problemas têm evitado que o sistema operacional para telefones da Google seja largamente adoptado.
alguns fabricantes lançaram modelos sem todas as funcionalidades da acessibilidade. Os telefones sem teclado físico ofereciam uma funcionalidade limitada.
Para além disso, não há garantia que a última versão do Android venha a estar disponível para um dado aparelho. Por isso, apesar de alguns utilizadores
mais voltados para a tecnologia estarem actualmente a usar aparelhos Android, este ainda têm que ter grandes melhorias.
A Google pretendeu resolver alguns desses problemas com a versão 4.0, Ice Cream Sandwich, do Android. Esta versão, pela primeira vez, permitiu a exploração
táctil do ecrã, o acesso ao navegador web incorporado, e acesso melhorado a muitas aplicações Google incorporadas no sistema. Darren Burton e Matthew Enigk
avaliaram uma das primeiras versões do Android 4.0 no número de Março de 2012 da AccessWorld, e apesar de alguns dos problemas descritos nesse artigo terem
sido resolvidos, continua a haver espaço para melhorias.
Android 4.1, conhecido por Jelly Bean, Geleia de Feijão, é o terceiro nível estável da acessibilidade da Google. Esta última versão do sistema operativo
Android apareceu pela primeira vez no Asus Nexus 7, um Tablet com ecrã de 7 polegadas, disponível em modelos com 8GB ou 16GB de memória. Depois disso,
o Jelly Bean tem sido disponibilizado para vários telefones, como o Samsung Galaxy Nexus e o Galaxy S3. Será que a Google acertou à terceira?
Configuração Inicial
O Android 4.0 inclui um gesto de desenhar um rectângulo para activar a voz após o telefone ser iniciado pela primeira vez. Desenhar esta forma provou-se
difícil para muitos utilizadores, principalmente com dificuldades em activar as funcionalidades de acessibilidade. O Android 4.1 adiciona uma segunda opção,
um gesto de tocar e ficar com dois dedos no ecrã. Para melhores resultados, coloque dois dedos, ligeiramente afastados, no centro do ecrã, e pressione
durante uns segundos. Se tiver sucesso, será avisado para manter os dedos no ecrã para activar a acessibilidade. Apesar deste gesto ser uma grande melhoria
em relação ao rectângulo do Android 4.0, ainda são reportados problemas ao activar as funcionalidades de acessibilidade.
Para além disso, se o ecrã de configuração inicial for ultrapassado por qualquer razão, será necessário ajuda por alguém com visão normal. O facto deste
problema continuar por resolver é, no mínimo, péssimo. Pelo menos, devia haver uma maneira de ligar o telefone a um PC e activar a acessibilidade, usando
um software instalado no computador. A falta de uma alternativa para activar a acessibilidade num caso de emergência é uma falta grave da qual a Google
tem conhecimento há muito tempo.
Se a acessibilidade for activada como documentado, é apresentado ao utilizador um tutorial modificado que o guiará pelos novos gestos e funcionalidades
do Jelly Bean, discutidos abaixo.
Gestos no Jelly Bean
Depois da configuração inicial, a nova interface do Android 4.1 apresenta bastantes melhorias em muitas áreas. TalkBack, o leitor de ecrã nativo do Android,
agora inclui um modo de gestos que permite ao utilizador navegar pelos ecrãs e activar os itens. Alguns gestos parecerão familiares aos utilizadores de
iPhone, tais como varrer para a esquerda e direita para se mover pelos itens, e toque duplo para activar o último item anunciado. O problema no Modo de
exploração do Android 4.0 de activar o item errado, foi eliminado.
O Android 4.1 também inclui gestos que permitem navegar por caracter, palavra ou parágrafo. Para alternar entre os vários níveis de navegação, use um gesto
de cima para baixo, varrendo para cima e voltando a varrer para baixo, sem levantar o dedo. O gesto oposto de cima para baixo alterna entre os vários modos
de navegação em ordem contrária.
Foram incluidos gestos adicionais, tais como a possibilidade de navegar pelas listas uma página de cada vez (da esquerda para a direita, e vice-versa)
e a possibilidade de saltar rapidamente para vários ecrãs do telefone, tais como a barra de Notificações ou aplicações Recentes.
Outras funcionalidades da acessibilidade estão a ser adicionadas à medida que o Modo de Gestos evolui. Uma versão recente adicionou suporte para leitura
contínua, a partir da posição actual ou do princípio do ecrã. A voz pode agora ser parada colocando um dedo próximo dos sensores de luz ou proximidade.
Para além do Modo de Gestos, o Modo Explorar pelo Toque continua disponível para saltar rapidamente para uma parte específica do ecrã. Um método normal
de navegação é dar um toque no ecrã, perto da área onde se pensa estar o ícone, e depois deslizar para a esquerda ou direita até encontrar o ícone pretendido.
Os ícones de indicação de bateria, de cobertura de rede, etc, presentes na barra de notificação, são tratados pelo TalkBack como se fossem um só, ficando
assim difícil obter uma única informação. (como a data, hora, etc). Apesar de ser possível instalar widgets para colocar esses ícones individualmente no
ecrã principal, este é um pormenor que deve ser resolvido pela Google.
Navegador Web
O navegador Chrome vem incluido nas últimas versões do Android é bastante acessível, mas navegar por páginas complexas pode fazer com que o navegador trave.
Os níveis de navegação discutidos acima podem ser usados para se mover pela página Web. Alguns controlos adicionais, tais como a possibilidade de navegar
por títulos, listas ou tabelas, seriam bem-vindos. Algumas dessas opções são possíveis usando um teclado Bluetooth, mas nem sempre isto é uma solução prática.
O Mozilla Firefox, discutido abaixo, é outra opção a considerar.
Teclado virtual no ecrã
O Android 4.1 eliminou a necessidade de uma aplicação externa, recuperando a funcionalidade do teclado Eyes-Free para a última versão. Para usar o teclado
Eyes-Free, mova o dedo para uma letra, símbolo ou ícone de função, e levante o dedo para activar o butão. Isto geralmente funciona bem, mas gostaríamos
de ver maior velocidade de resposta neste modo. Também é possível navegar pelo texto escrito, fazer correções e alterações. Por padrão, por razões de segurança,
é necessário o uso de auscultadores para introduzir passwords. Apesar de, em teoria, ser uma boa ideia, a opção deveria, provavelmente, estar desactivada
por padrão, especialmente para permitir a introdução de passwords de rede e e-mail durante a configuração inicial.
Introdução por Voz
O Google melhorou imenso a pesquisa por voz no Android 4.1, permitindo respostas por voz a muitas perguntas comuns. Por exemplo, podemos perguntar “Qual
a temperatura em Seattle?” ou “Qual foi o resultado do jogo do Benfica?” e receber uma resposta falada quase instantâneamente. Esta funcionalidade funciona
bem com a voz silenciada, para não interferir com as respostas faladas.
O Jelly Bean inclui uma funcionalidade de ditado instantâneo, que é uma coisa boa e menos boa para os utilizadores do TalkBack. Agora o TalkBack lê corretamente
as palavras à medida que são escritas, mas isto pode interferir com o ditado, causando a introdução da mesma palavra mais que uma vez, se o microfone ouvir
a leitura do TalkBack. Uma possibilidade de evitar esta situação é usando auscultadores ou colocar o volume da voz do Talkback suficientemente baixo para
que o microfone não a detecte. O Android 4.1 também inclui suporte para ditado offline, o que significa que não é necessário estar ligado à Internet para
usar a introdução por voz, como é o caso de outros aparelhos.
Documentação
Fiquei agradavelmente surpreendido ao encontrar um capítulo completo sobre acessibilidade no Manual do Nexus 7. O capítulo descreve os gestos disponíveis
e dá dicas sobre a navegação em aplicações populares. Lentamente, vão aparecendo mais recursos oferecendo assistência aos utilizadores de aparelhos Android
ou dando instruções passo a passo. À medida que mais utilizadores forem adotando esta plataforma, mais recursos aparecerão.
Personalizações Adicionais
Apesar desta avaliação se basear na acessibilidade nativa do Android 4.1, algumas aplicações adicionais são dignas de serem mencionadas.
Shades é uma aplicação simples que permite configurar o brilho do ecrã para 0, similar à funcionalidade do iPhone. Isto permite aumentar a privacidade
e deverá poupar bateria. É compatível com Android 2.3 ou superior.
A Mozilla fez melhorias significativas na acessibilidade na versão Android do Firefox Beta. Alguns utilizadores poderão preferir o maior número de opções
de navegação disponíveis, quando comparadas com o nativo Chrome.
Várias vozes adicionais estão disponíveis para Android, com opção de vozes mais naturais. Uma das últimas adições foi o conjunto de vozes da Acapela. Aparentemente,
estas vozes têm boa velocidade de resposta, e uma melhoria quando comparadas com as ofertas nativas.
BrailleBack é uma tentativa inicial de suporte Braille para Android.
O estado actual ainda é instável e inclui apenas suporte para saída em Braille de grau 1. embora apreciando o progresso inicial nesta área, é uma aplicação
que precisa de grandes melhorias.
Limitações
Há várias funcionalidades adicionais de acessibilidade que melhorariam a experiência Android para utilizadores cegos ou com baixa visão. Por exemplo, actualmente
não há nenhuma maneira de desligar e voltar a ligar o leitor uma funcionalidade muito útil para aplicações com gestos próprios, ou para que um utilizador
com visão normal use temporariamente o aparelho. Outras funcionalidades que seriam benvindas seriam o poder adicionar texto a botões que não foram etiquetados
e um método para controlar o nível de eloquência do leitor. O Android aumentou bastante as ferramentas de acessibilidade para os desenvolvedores , o que
quer dizer que há mais hipóteses que seja desenvolvido um leitor de ecrã externo que resolva muitos dos problemas aqui apontados.
Android para profissionais
Determinar se o Android é uma plataforma para as suas necessidades profissionais dependerá muito das necessidades do seu emprego e das rotinas diárias.
Como a maioiria dos sistemas de aparelhos portáteis, os pontos fortes do Android incluem gestão de contactos, leitura de e-mail e navegar na Web. Se precisa
de verificar as suas mensagens enquanto viaja, marcar apontamentos, utilizar ferramentas de GPS ou manter notas simples, o Android 4.1 inclui todas as
ferramentas para essas tarefas. Para produzir documentos grandes, trabalhar com folhas de cálculo ou bases de dados, um laptop é certamente uma opção portátil
melhor. De facto, muitos profissionais usam uma combinação de dispositivos portáteis e computadores laptop ou desktop, proporcionando maior produtividade
no emprego.
Conclusão
Para ser honesto, é difícil para a maior parte dos avaliadores fazer críticas realmente imparciais sobre a acessibilidade do Android . Aqueles que usam
iPhone como o seu telefone principal, provavelmente terão expectativas diferentes daqueles que têm sido utilizadores do Android. Em última análise, será
necessário avaliar as várias soluções actualmente disponíveis, e decidir que funcionalidades são mais importantes para cada qual. Apesar de não ser perfeito,
o Android 4.1 já avançou muito a caminho de ser uma solução completa de acessibilidade, mas algumas personalizações adicionais e aplicações externas podem
ser necessárias para uma experiência óptima. Fico à espera de novos desenvolvimentos da Google e gostaria que viessem depressa. A Google tem as ferramentas
para vir a ser um líder em acessibilidade e deve fazer o possível para explorar esta oportunidade.
Tradução do Inglês para o Português
Rui Fontes
Retirado de:
AFB – AccessWorld ®
Um abraço